quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ESSA DUPLA TEM HISTÓRIA


ORISMAR

Orismar Holanda Gomes ingressou no movimento sindical em 1988. Um período crítico, de muitas greves de embate contra o projeto neoliberal que começava a ser implantado no Brasil. Privatizações, redução do quadro de empregados, perseguições e punições a dirigentes sindicais(multas e penhoras nas estruturas sindicais). O movimento sindical petroleiro reagia, greves históricas em 88/89 e 94/95. A luta pelo monopólio estatal do petróleo desafiava a reorganização das estruturas sindicais.
Orismar é técnico de Manutenção Sênior na Petrobras e Bacharel em História, sua formação humanista, lhe atribui muita paciência e habilidade no trato das questões e demandas da categoria. Seu prestígio e respeito em relação a toda a categoria no Ceará o conduziu à coordenação do SINDIPETRO-CE na gestão de 2002-2005, sendo reeleito nos mandatos seguintes até o atual. Seu compromisso é o de garantir uma visão classista que assegure a defesa incondicional dos interesses dos trabalhadores.

GIMENES

Paulo Roberto Gimenes, petroleiro aposentado, nasceu em São Vicente (SP), em 1952, no momento em que o Brasil instituía o monopólio estatal do petróleo. Iniciou sua militância sindical na refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. Na época, a efervescência da ditadura estava no fim, com os meios de repressão funcionando, principalmente dentro da Petrobrás.
Em julho de 1979, assim que foi admitido na Petrobrás, já assinou a ficha de filiação do Sindipetro. Mesmo sendo petroleiro, foi solidário aos companheiros metalúrgicos do ABC, que passavam por um momento difícil, contribuindo com um percentual do primeiro salário para a categoria. Começou aí o sentimento classista que permanece até os dias atuais.
Gimenes já presenciou diversos momentos importantes, delicados e de grandes disputas, com tensões políticas e econômicas, incluindo oito greves, mais de 20 campanhas salariais e acordos coletivos, onde enfrentou incontáveis práticas abusivas de assédio moral, sendo perseguido internamente quase diariamente por defender os direitos da categoria.
O petroleiro fez parte da Ação da Cidadania em Defesa do Monopólio Estatal do Petróleo, em 1995, juntamente com outros companheiros que em grupos participavam de palestras sobre a Petrobras, onde visitava escolas, universidades, Senado e Câmaras Federais e Municipais para esclarecer o quanto seria danoso a quebra do Monopólio, que resultou no apoio de 95% da população cearense à manutenção do monopólio estatal do petróleo. Lutou fervorosamente contra o aumento do preço da gasolina, em 1994. Participou de todos os momentos da greve histórica de 1995, que durou 33 dias, o que resultou em direitos históricos que mantidos até hoje; e permaneceu firme pela anistia dos companheiros punidos. 




* * *




CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

A história nos mostra que em qualquer parte do mundo a luta dos trabalhadores contra o poder das classes dominantes sempre foi muito acirrada, quase que sem tréguas e que a mobilização da classe trabalhadora faz a diferença na hora de obter conquistas. No meio desse embate surge a odiosa figura do PELEGO, traidor da classe operária, capacho subserviente... tão servil que não hesita em dedurar ou prejudicar um colega engajado na luta. É, portanto, um SER VIL! Na histórica greve dos petroleiros de 1994 o chargista Arievaldo Viana, que trabalha no Sindipetro-CE desde 1992, produziu essa charge que é um verdadeiro libelo contra esse bicho nojento.

O "PADRE-NOSSO" é uma antiga forma poética, muito usada pelos poetas populares desde o Século XVIII para vergastar os seus inimigos. Arievaldo é também poeta popular e produziu este

PELO SINAL DOS PELEGOS
Autor: Arievaldo Viana

Os pelegos que atrasam
Nossa luta sindical
São de todos conhecidos
PELO SINAL

Como espíritos do mal
Depressa fogem da luz
São vendilhões dessa terra
DA SANTA CRUZ

Ao desprezo fazem jus
São hipócritas, fariseus,
Da influência dessa praga
LIVRAI-NOS DEUS

O lema “primeiro os teus”
Pronunciam com ardor,
Se esforçam para agradar
NOSSO SENHOR

Meu caro trabalhador
Não se alie a esses troços
Pois na luta sempre foste
DOS NOSSOS

Lembrai sempre que os vossos
PELEGOS trazem perigos
Pois são da luta os piores
INIMIGOS.

Puxa-sacos são antigos
E juram em nome da madre
Vendem até a alma ao diabo
EM NOME DO PADRE

Diga “Vade retro, vade!”
Vendo um pelego em seu trilho
Defenda o pão e o leite
DO FILHO

Se livre desse empecilho
Que abunda em todo canto
Pedindo a inspiração
DO ESPÍRITO SANTO

Se um dia vê-lo em pranto
É a que a desgraça já vem
Se ele for demitido
AMÉM!



SOBRE ESSA MODALIDADE POÉTICA

O “Pelo Sinal” é uma antiga modalidade de poesia popular muito usado no Brasil de Norte a Sul. No “Cancioneiro Guasca”, do folclorista gaúcho João Simões Lopes Neto, encontram-se vários exemplos. O mestre Câmara Cascudo o definia desta maneira:

“Sempre, ou quase sempre, em pé-quebrado, são os Pelos sinais, Salve Rainhas e Ave Maria todas satíricas. Aproveitam apenas um período da oração e orientam o verso para um sentido irônico ou simplesmente crítico. Os Pelo sinais são abundantes e comuns em todo o Brasil.”